Quinta-feira, 4 de novembro de 2010.
Eu estou fazendo upload de um dos discos que mais tenho escutado nos ultimos anos, Quadrophenia do The Who.
Para falar verdade, conheci primeiro o filme de Franc Roddan baseado no disco, feito em 1979 e que inclusive fez parte do meu primeiro ciclo no Museu da Imagem e do Som de Campinas, o Rock'n Cinema.
Essa opera-rock me fez mergulhar em universo de pesquisas sobre a juventude britânica dos anos 50 e 60.
O conceito do disco é sobre a história de Jimmy, um típico Mod do começo dos anos 60.
O argumento gira em torno de um discurso sobre as frustrações típicas da adolescência, como afirmação de personalidade.
Acho que o The Who é uma das melhores bandas para dar voz a sua geração, e suas letras um reflexo do momento histórico da juventude pós-guerra.
A Inglaterra praticamente acabava de sair de um conflito terrível com a Alemanha nazista, tendo sua capital bombardeada pela temida Luftwaffe.
Diversos soldados foram mortos deixando uma geração de crianças sem a referência da figura paterna.
Muitas crianças conheceram o pai apenas por molduras fotográficas postas na cabeceira da cama.
Muitos filmes ingleses já exploram essa temática, e muitas músicas foram compostas lembrando desses momentos de tenebrosa solidão.
A juventude Mod surge nesse caldo, e se caracteriza pelo sofisticado gosto musical que vai do Jazz, até ao que na época era considerado "Beat Music" (ou música da Geração Beat), representado por bandas como Yardbirds, Rolling Stones, The Who entre outras.
Seu sofisticado gosto musical só era comparado ao seu sofisticado gosto por roupas, que incluíam ternos italianos, camisetas Fred Perry, calça Sta-Prest.
Apesar de dotados de sofisticada cultura, eram jovens briguentos, ganguistas, e arruaceiros.
Foi talvez desse peculiar contraste entre sofisticação com violência que nasceu a inspiração para Anthony Burgess compor seu famoso Laranja Mecânica.
As brigas em questão eram principalmente com outra gangue, os Rockers.
Os Rockers eram figuras inspiradas no Selvagem, a eterna figura de Marlom Brando.
Sua principal música era o Rockabilly , e seu universo cultural incluia potentes motocicletas, jaquetas de couro, calça jeans.
As batalhas épicas entre os dois grupos, como nos balneários de Brighton, foram mencionadas no filme, em uma sequência de cenas que eu considero antológica no cinema. Para quem quiser conhecer o disco, vou disponibilizá-lo em breve.
Se você se interessou pelo filme, compre-o, vale a pena.
Veja o trailer.
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